quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Tem de tudo na Saara


Quem mora ou trabalha no Rio e nunca foi à Saara? Todo mundo, em algum momento da vida, precisou passar pela Rua da Alfândega e adjacências para comprar uma coisinha. Eu curto dar umas voltas por lá. O melhor é que você vai a uma loja para comprar um bocal específico do abajur do modelo A da marca Y e... Encontra! Aí, percebe que também precisa comprar o filtro modelo XPTO da loja ao lado. É um passeio capitalista que tem o poder de trazer à memória a necessidade daquilo que a gente não anota. E, por isso, não lembra!

A Saara é, sem dúvidas, o melhor (e mais barato) shopping a céu aberto do planeta! Dizem que a 25 de Março de Sampa é ainda melhor. Não consigo acreditar. Há os que garantem que o Mercadão de Madureira oferece preços mais em conta. Será? Sou cliente fiel da Saara. Preciso de ferramentas, vou para lá. Quero comprar um produto de cabelo feito exclusivamente para cabeleireiros? O endereço é o mesmo. Para bugigangas, brinquedos e enfeites de aniversário, não há lugar melhor. Tem de ‘um tudo” naquele “muvucão”.

O melhor são as figuras que encontramos pelo caminho... Os marketeiros de plantão gritam as promoções do dia. Os seguranças das lojas se equilibram em banquinhos onde cabe somente metade de cada pé. O objetivo é ficar por cima para ver se não tem algum espertinho “malocando” algum artigo. Os chineses donos das lojas falam em um dialeto difícil de compreender. E os compradores com quatrocentas e cinquenta e três mil e vinte e quatro sacolas? Esses tampam a rua que ninguém mais passa, nem para lá nem para cá. É um exercício de paciência sob o calor fervente do Rio.

Mas para facilitar nossa vida, o maior centro comercial do Rio agora tem um site. Digamos que é um pouquinho feio e um tanto desatualizado, mas é bacaninha para o que se propõe. É possível encontrar referências dos estabelecimentos. As lojas são divididas por categoria: armarinhos, jóias, iluminação, roupas, foto e vídeo, flores artificiais, presentes, lingeries, etc. São 24 grupos de lojas, exibidas para os usuários com nome e endereço. Isso não é ótimo? Ninguém mais fica perdido por aquelas bandas.

Mas não é só no site que a gente vê a cara da Saara, não. O shopping popular, em todas as suas características, é tema do livro “Saara Rio de Janeiro”. Vários fotógrafos, entre eles minha amiga Thelma Vidales, fizeram os mais variados cliques nas ruas que compõem o centro comercial. O resultado é super legal! Vale a pena conferir.

Para quem interessar possa, o lançamento do livro será no dia 2 de fevereiro, às 18h30, na Livraria Travessa do CCBB. Obs: A capa do livro, que ilustra esse post, é da minha amiga Thelma Vidales (http://www.thelmavidales.com/). Arrasou!

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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Praia para todos


Praia. Está aí um dos lugares mais democráticos que conheço. Mix de gente e de estilos. Mistura de manias, hábitos, costumes. Emaranhado de cabeças e pensamentos. O sol dá o tom ideal da perfeita harmonia. O vento leva embora qualquer diferença. O mar renova as energias da integração. Esse seria o cenário perfeito se não fossem aqueles discursos elitistas do tipo “não vou à praia domingo porque só tem suburbano!”. Escutar esse tipo de frase acaba com meu dia. Meu ânimo vai ao ponto zero da escala de humor. É difícil digerir comentários preconceituosos que não fazem o menor sentido.

Bem, as praias estão na Zona Sul, mas pode chegar a galera da Zona Oeste e da Zona Norte! Baixada Fluminense também comparece em massa, claro! O povo das comunidades da própria Zona Sul desce o morrão para ocupar o litoral e curtir o que a praia tem de melhor. Empregado e empregador, negro e branco, mauricinho e favelado, direita e esquerda, bonito e feio, rockeiro e funkeiro, analfabeto e doutor... Está tudo ‘junto e misturado’. E é isso que compõe as praias. Isso é a cara do Rio!

Apesar de algumas pessoas da Zona Sul acharem que as praias são o quintal de suas casas ou a área de lazer privada de seus condomínios, a recém-inaugurada estação de metrô de Ipanema tem ficado abarrotada de moradores de Bangu, Freguesia, Realengo, Vila Valqueire, Caxias, Nova Iguaçu, Pavuna, São João de Meriti... E por aí vai... E viva a estação de Ipanema! A praia ficou mais perto. O tempo de viagem diminuiu. O clássico trajeto de um domingo de sol ficou mais rápido. “Demorô!”

É claro que os preconceituosos de carteirinha são contra a expansão do metrô para não ‘sujar’ a Zona Sul. Alguns acreditam que "o ambiente fica mais bucólico com ‘puro sangue’”. Aliás, há os que chegam a achar que só o povo das outras zonas (aquelas inferiores à ‘Sul’) faz sujeira e alimenta a desordem nas quentes areias das prais. Um posicionamento elitista como esse não me deixa dúvidas de que, infelizmente, ainda há muita gente que levanta a bandeira da dominação sobre as minorias, inclusive no lazer. Como se não bastasse o domínio em todas as outras esferas. Lamento...

De quem é a praia? Tem dono? É minha, é sua, é nossa. Quando digo “nossa”, incluo no mesmo grupão os cariocas, os fluminenses, os brasileiros! E que ferva o verão...

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terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Que tipo de people?

Lembro-me das minhas aulas da graduação, quando meu professor explicava a pluralidade da pós-modernidade. “Na contemporaneidade, podemos participar de vários grupos ao mesmo tempo”, dizia meu grande mestre com doutorado em Sorbonne, na França. E ele tinha razão.

Ao mesmo tempo em que me acabo no samba, requebro no funk e pulo ao som de rock. Leio de Época a revista de futilidades, passando por obras teóricas de antropologia e livros de espiritismo e catolicismo. Como é rico passar por várias esferas de conhecimento, de experiência, de vivência!

Mas me intriga perceber que muita gente não está nem aí para isso. Não estou me colocando em posição de dona da verdade, mas acho que o povo anda muito superficial. Não me refiro a inteligência, mas a valores. Por exemplo: Há cinco mil pessoas agrupadas na rede social Beautiful People (!), que reúne em seu seleto ‘book’ só bonitões e bonitonas. Feio não entra!

Valores como generosidade, parceria, honestidade, fidelidade e solidariedade são deixados de lado. Não importa saber quem presta e quem não presta! Valem os atributos físicos. Única e exclusivamente. A exigência é somente um alto padrão de beleza. Aí eu pergunto: como assim??? Confesso que isso me assusta. Muito! Quando alguém descobrir qual é o objetivo desse negócio, por favor, quero ser a primeira a saber.

Soube que os brasileiros andam "bem na fita" nessa tal rede. O diretor gerente do site, Greg Hodge, declarou que a maior parte dos recusados é dos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá. Além de excluir, agora o site expulsa. Aqueles que exageraram nas festas de fim de ano e engordaram ou "embagulharam" estão sendo expulsos, sem dó nem piedade.

Enfim... A que ponto chegamos? É por isso que o ser humano dá cada vez mais valor ao que menos tem valor. Relacionamentos embasados em comportamento, atitude e caráter não têm preço! É nessas relações que eu aposto todas as minhas fichas. E não costumo me decepcionar.

OBS: Depois de um recesso de fim de ano (rs...), estou de volta ao blog! Fiquem por aqui.

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