quarta-feira, 28 de julho de 2010

O polvo e o espetáculo

Voltando à Copa... O polvo Paul não apenas virou celebridade como ganhou uma camisa da Espanha com seu nome! Gente, a que ponto chega a espetacularização? Um polvo foi humanizado e virou o grande personagem da Copa. Tornou-se suvenir, garantiu dinheiro para muita gente, valorizou seu passe e agora e foi presenteado com um artigo do vestiário humano. Não, a blusa não tem oito mangas para braços. Digo, tentáculos.

Tem gente querendo comprar o molusco por um preço astronômico. O oráculo alemão virou papa, o pastor dos pastores, a Mãe Diná das águas. E o tal bichinho ficou horas e horas no ar nas emissoras de TV e ganhou páginas de quase todos os jornais impressos. Ele chegou a ganhar uma página especial na Wikipedia!

E viva o espetáculo da mídia. O povo vê, se diverte e não se pergunta: por quê? Como diria o teórico francês Guy Debord, “o caráter fundamentalmente tautológico do espetáculo decorre do simples fato dos seus meios serem ao mesmo tempo a sua finalidade.”

Famoso por sua obra A Sociedade do Espetáculo, ele disse que a sociedade está acorrentada, em contradição consigo mesma e em processo de aceitação passiva. Para ele, o espetáculo apresenta-se como algo grandioso, positivo, indiscutível e inacessível.

Ele atribui ao espetáculo uma única mensagem: “o que aparece é bom, o que é bom aparece”. E completa: “No mundo realmente invertido, o verdadeiro é um momento do falso.”

Debord está mais vivo que nunca, embora tenha falecido em 1994.

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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Mudança de campo

O cara arrasou! Trouxe o título da Copa de 94 praticamente sozinho. Mandou bem no ataque dos times cariocas para onde emprestou seu futebol. Foi também comentarista, empresário e sempre teve carrão importado e mulheres, muitas mulheres. Mas, como se troca de clube, ele trocou de ramo. Agora está em outro campo, não tão verde-esperança como o que costumava freqüentar.


O ‘peixe’ é candidato a deputado federal pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro). Embora o partido tenha ‘socialismo’ no nome, não foi por isso que Romário atrelou seu nome à legenda. Em entrevista a uma das edições de junho da Revista Isto é, o jogador e político disse que “essa coisa de ideologia vai muito de cada um, do momento”. É, parceiro, acho que não... Ele afirmou que escolheu o PSB porque é um partido muito simpático e porque “tem essa coisa do social”.

Lembro-me do dia em que ele se filiou ao partido e adiantou sua candidatura. Durante a entrevista, Romário disse que estava entrando para o PSDB. ‘Sic’ em cima dele. Se eleito (e alguém duvida?), ele prometeu priorizar projetos para jovens carentes e crianças com necessidades especiais. Tomara que ele surpreenda e realmente dê uma boa contribuição.

O caso do Romário apenas ilustra uma série de filiações e candidaturas sem propósito ideológico e com nenhuma ligação de princípios. É uma pena. Mas a culpa é dos partidos, que abrem suas portas e aceitam procedimentos como esse e firmam as alianças mais impensáveis do planeta!

Quem perde? Nós. Quem ganha? Os partidos e seus “pseudo-representantes”.

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domingo, 4 de julho de 2010

2014: Quem sabe?

É... O hexa verde e amarelo não rolou. Ronaldinho Gaúcho fez falta? O Adriano tinha que estar lá? E Ganso? Por que não foi para a África do Sul? Onde estava a cabeça de lindo Kaká? Faltou craque? As perguntas são muitas. A mais comum é: A culpa é de quem?

Não acho que Dunga é o vilão da Copa. Tudo bem que ele poderia ter escalado um pouquinho melhor... Apenas acho que o futebol brasileiro não é mais ‘aquele’. Não acompanhei a ginga e o soco no ar de Pelé nem o abuso eficiente de Garrincha, mas pelo que vejo nos programas esportivos de TV, eles eram absolutamente incríveis. Não tenho conhecimento de craques brasileiros como eles hoje em dia. Nem no Brasil nem nos riquíssimos clubes europeus que levam todos os nossos meninos.

Robinho até que tenta fazer uma firula. Pedala, dá toquinhos com o calcanhar, corre com coragem, mas peca por não tocar a bola para aqueles que estão sem marcação ao lado dele. É muita fome de bola. Pena que ele quer matar essa fome sozinho...

Kaká... Um jogador inteligente e calmo, que consegue ter uma visão de jogo incrível. Ele faz diferença. Eu fiquei esperando ele fazer essa diferença na Copa, mas nossa maior promessa de gols não estava em sua melhor fase. Que pena. Continuo admirando o futebol e a postura elegante e correta do jogador. Uma observação: Embora evangélico, ele tem deixado escapar pesados palavrões quando nervoso. É! Kaká é gente como a gente, mesmo com aquela cara de menino.

E Júlio César? Goleirão! Palmas para ele... Chorou no fim do jogo, triste por seu erro no primeiro gol da Laranja Mecânica.. Mas ele sempre fez bonito pela seleção. Na próxima copa, tem que ser ele de novo defendendo nosso gol!

É. Não deu. Passou... Agora só em 2014. E aqui no Brasil!

Obs: Depois da eliminação brasileira e dos hermanos argentinos, não há como não assumir que Maradona foi “o cara” da copa. Ele distribuiu beijos carinhosos nos jogadores que mais pareciam filhos, dominou bola do banco de reservas, fez mais de quinhentas vezes o sinal da cruz e... tirou onda. Com o humor sempre nas alturas e em perfeita sintonia com o time, ele merece o troféu de personagem do mundial.

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