segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ela ensina crianças e comunicadores

Estava eu em um evento de Comunicação Ambiental destinado exclusivamente para comunicadores. Em pauta: sustentabilidade, visão de mercado, capitalismo, formação da consciência, confronto de discurso e prática, comunidades, comunicação como ferramenta de gestão, etc.

Até que surgiu na platéia, um pouco tímida, uma mulher chamada Márcia. Ela se apresentou, meio sem jeito, e explicou logo que não era comunicadora. Mas por que ela estaria ali? "Sou professora de artes e música do ensino fundamental da rede pública de ensino". Moradora de Realengo, a mestre foi até a Praia Vermelha, na Escola de Comunicação da UFRJ, para aprimorar seu papel de educadora. Mas será que jornalistas e marketeiros poderiam ajudar?

"Não entendo como meus alunos mal têm o que comer, mas querem ter o produto teen do momento". Com muitas dúvidas na cabeça, Márcia teve a sensibilidade de perceber detalhes que passam batidos diante de alguns profissionais de educação, que se contentam em ganhar o seu "din din" no fim do mês. Por amor à profissão e respeito a seus pequenos alunos, ela foi ali buscar entender o consumismo e o desejo de ter para ser. Como a propaganda influencia essas crianças? Como combater essa influência? Como educar? Como agir? Como? Como? Como?

Ela nem sabia se estava no lugar certo, mas preferiu arriscar. Foi parar na Eco. E fez da presença dela o ponto alto do encontro. Na minha cabeça, deixei o mundo business de lado para pensar na vida da Márcia, na sala de aula, nos alunos... Fiquei ali parada, por uns 30 minutos, com mil questionamentos na cabeça. E pensei: Que pessoa comprometida! Esse é o tal do engajamento tanto lembrado em encontros ambientais. Mas tão raro... Ela faz a sua parte levando conscientização pela arte. Sem ninguém ter pedido isso a ela.

Márcia foi atrás de conhecimento. Mais conhecimento do que ela já tem. E nós aprendemos com ela.

Obs: Tem um detalhe... Ela será descontada porque faltou um dia de trabalho para buscar conhecimentos que o poder público não oferece a ela para exercer bem o papel de educadora. É... (!!!)

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